segunda-feira, 11 de junho de 2012

Para preservar a caatinga.


A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. São mais de 826 mil quilômetros quadrados de área, englobando parte do Ceará, Bahia, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Sergipe, Alagoas e Minas Gerais. Entre as cerca de 400 espécies típicas da região, destacam-se o juazeiro, xique-xique, pereiro, sabiá, jurema, catingueira e mandacaru. A caatinga também pode ser considerada a mais densamente povoada entre as regiões do semi-árido, com uma população de aproximadamente 22 habitantes por quilômetro quadrado.

No dia 28 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Caatinga. A data foi escolhida em homenagem ao primeiro ecólogo do Nordeste brasileiro, o professor João Vasconcelos Sobrinho, e serve também para alertar sobre a importância de preservar e criar alternativas de autossustentabilidade na região da Caatinga. Segundo o último monitoramento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Ibama 45,39% da Caatinga já foi desmatada. Nos anos de 2002 a 2008, foram mais de 16 mil quilômetros devastados. E o Ceará é um dos estados com maior índice, perdendo apenas para a Bahia. Acopiara lidera o ranking de municípios mais atingidos pelo desmatamento, com 183 quilômetros quadrados de Caatinga atingida pela ação do homem.

O secretário-executivo da Aliança Caatinga, Rodrigo Castro, explica que o desmatamento na Caatinga provoca três sérios impactos ambientais. “Destruindo essas áreas próximas às nascentes, reduz-se a disponibilidade hídrica para as pessoas que vivem na Caatinga. A queima de gás carbônico vai para a atmosfera e agrava o aquecimento global. E, por último, com a falta de investimento para recuperar essa área desmatada, a tendência é que fique mais árida e propensa a desertificação”, diz. Para a coordenadora executiva da Articulação do Semi-árido Brasileiro (Asa Brasil) no Ceará, Cristina do Nascimento, boa parte dessa devastação na Caatinga se dá pela exploração econômica. “Precisamos lançar um novo olhar sobre a caatinga, um espaço de possibilidades, com água para produzir, quintais verdes e o reaparecimento de sementes de plantas que já não eram mais encontradas”, completa.

Referência
O município de Irauçuba, no interior do Ceará, torna-se referência para o País, ao ser o primeiro a criar uma legislação própria no combate à desertificação. Baseado na lei 645/2009, o poder público em parceria com a sociedade, elaborou um plano de prevenção e recuperação das áreas degradas da caatinga. Criar estratégias de conscientização da população do semi-árido sobre a importância de cuidar desse rico patrimônio florestal tem sido um dos maiores desafios. Outro aspecto é mudar a forma em que, muitas vezes, a Caatinga é retratada, como um bioma carente de possibilidades e recursos naturais. “Ainda é muito forte a imagem de que esse é um espaço do nada, do que não tem, da escassez. Só que a partir de pequenas ações, vão surgindo novas oportunidades e o meio ambiente vai sendo refeito, como um bioma rico e sustentável”, destaca a coordenadora da Asa Brasil. Para isso, a popularização de novas técnicas de convivência e a construção de cisternas populares acabam sendo importantes estratégias de reconstrução desse imaginário junto à comunidade.

Por Viviane Gonçalves.
Fonte: http://comitecaatingape.blogspot.com.br/

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